Portugal Antigo e Moderno. Diccionario Geographico, Estatistico, Chorographico, Heraldico, Historico, Biographico o Etymologico de todas as cidades, villas e freguesias de Portugal. De grande numero de aldeias. Noticias de muitas cidades e outras povrações da Lusitania de que apenas restan vestigios ou sómente a tradição. Quinto Volume

Augusto Soares d´Azevedo Barbosa de Pinho Leal

Augusto Soares d´Azevedo Barbosa de Pinho Leal. Portugal Antigo e Moderno. Diccionario Geographico, Estatistico, Chorographico, Heraldico, Historico, Biographico o Etymologico de todas as cidades, villas e freguesias de Portugal. De grande numero de aldeias. Noticias de muitas cidades e outras povrações da Lusitania de que apenas restan vestigios ou sómente a tradição. 

Quinto Volume. Lisboa, 1875.

Página 405

MONFORTE

Páginas 406-407

D. Fernão Días Mechia, cavalleiro castelhano, por ter feito uma norte, fugiu de Hespanha para Portugal, e veio fazer seu assento n´esta villa. É o tronco dos Mexias portuguezes.

Sus armas são -em campo d´ouro, 3 faxas azues- élmo d´aço aberto, e por timbre, meio leão (Touro, faxado com as trés faxas das armas. 

Página 590

MURÇA DE PANOYAS

Página 591

A porca de Murça

No meio da praça da villa, e em frente da Camara se vé un môno de pedra, que tanto póde ser un porco, como um urso, hipopótamo ou elefante. É a porca de Murça.

Segunda a lenda era no suculo VIII, esta poveaçao e o seu termo, assolados por grande quantidade de ursos e javalís.

Os senhores da villa, secundados pelo povo, tantos montarias fizeram, que ou extinguiram tāo damninhas féras, ou as escorracaram para muito longe.

Mas, entre esta multidão de quadrupedes, havia uma porca (outros dizem uma ursa) que se tinha tornado o terros dos povos, pela sua monstruosa corpolencia, pela sua ferocidade, e por ser tão matreira, que nunca podía ter sido morta pelos caçadores.

Em 757, o senhor de Murça, cavalleiro de grandes forças e não menor coragem decediu matar a porca, e taes manhas empregou que o consigiu; libertando a terra de tāo incommodo hóspede.

Em memoria d´esta façanha, se construiu o tal monumento, alcunhado a porca de Murça, e os habitantes da terra, se comprometteran, por si e seus successores, a darem ao senhor, em reconhecimento de tāo grande beneficio, para elle e seus herdeiros, até ao fim do mundo, cada fogo 3 arrateis de céra, anualmente, sendo pago este fôro, mesmo junto à porca.